quarta-feira, 29 de maio de 2013

Memória descritiva - 3ª Proposta

A infografia tornou-se um elemento preponderante no contexto real, seja no discurso jornalístico ou nas mais variadas formas de comunicação visual, a imagem infográfica comunica a todo o momento os propósitos que o seu autor pretende transmitir. Atrair a atenção do recetor ou permitir que os dados informativos cheguem de forma memorável e compreensível, através de estruturas e desenhos dispostos ordenadamente, são premissas que dão razão de ser à infografia e aos seus autores. Os instrumentos utilizados são bastante diversificados, desde o uso da tipografia até à análise estatística, tal como explica Edward Tufte (1990): “ To envision information – and what bright and splendid visions can result – is to work the intersection of image, word, number, art.”. Desde que correctamente correlacionados e dispostos, os mais variados instrumentos, inseridos num determinado contexto, comunicam informação, seja factos ou acontecimentos.

No caso da minha infografia, não descurando obviamente a complexidade inerente à imagem infográfica, caminhou-se num sentido de simplificar os dados contidos no artigo, nomeadamente na forma de como transpor a informação escrita para uma imagem. Procedeu-se ao cuidado de não colocar demasiados elementos, visto que poderia conceder à infografia, um caráter de desorganização e difusão (“…the standards of quality are those derived from visual principles that tell us how to put the right mark in the right place.”- Tufte, 1990:9), que neste caso não era pretendido. Mantendo-se fiel ao artigo, houve igualmente a necessidade de tornar a composição, apelativa aos olhos de recetor. Se se tratasse de uma infografia numa revista especializada impressa, o desejado seria que o leitor parasse na página onde estivesse posicionada a composição e a observasse com curiosidade.

Tendo em conta, as temáticas a que o artigo se dirigia, foi elaborada uma planificação daquilo que seria a imagem infográfica, nomeadamente o contexto em que esta se poderia inserir. Imediatamente e com as constantes referências mentais e explícitas à época sazonal do Verão que surgiam no artigo, a imagem de uma praia tornou-se o pano de fundo da composição. As divisões no fundo nomeadamente o céu, o mar e a areia foram trabalhadas com recurso, não só à diferenciação cromática de cada um dos elementos, mas também ao uso das linhas. Este elemento básico da comunicação visual revelou-se mais proeminente, aquando da separação entre a areia e o mar. O arredondamento da linha concedeu, na minha opinião, um pouco de dinamismo e movimento à composição, especialmente no lado esquerdo com a utilização do pictograma numa ação de atividade.

A divisão feita sensivelmente no meio da infografia, foi igualmente trabalhada com a linha, numa clara posição de dicotomia: o que comer e o que evitar. Os pictogramas apresentados constituíram também um auxílio a essa delimitação: o pictograma do lado esquerdo expondo as virtudes de uma vida saudável, a nadar; enquanto que o do lado direito revelava uma inacção, muitas vezes, associada a uma vida alimentar desregrada. Houve um cuidado para que os dois pictogramas possuíssem a mesma linha de desenho, caso contrário não haveria consonância visual.

Os restantes elementos da infografia constituem essencialmente representações de alimentos, trabalhados sob a forma de escala. A escala permitiu conceder-lhes um relativo destaque, uma técnica que se revelou indispensável visto que, os alimentos constituíam a representação mais fidedigna do artigo. Se havia elementos que poderíamos tangibilizar no artigo, seriam os alimentos. A tipografia não foi dispensada e atendendo que se tratava de uma infografia jornalística, o uso de texto complementou a imagem e edificou a chamada linguagem jornalística, com recurso ao lead (“A vida tem ritmos e tirar partido do melhor de cada estação é sinal de sabedoria.”) e ao título (“Ementas de Verão: o que comer e o que evitar”) do artigo.

O contexto editorial em que foi inserida a composição, trata-se do site do Life&Style , , num artigo diferente do retratado na infografia, mas que possui pontos comuns com este último, sobretudo no que diz respeito à referência das ementas de Verão. A escolha do contexto editorial residiu assim no facto de este igualar parcialmente a temática do artigo da infografia.

Em jeito de conclusão, é pertinente afirmar que a infografia elaborada permitiu verificar que numa composição deste tipo, dá-se uso aos mais variados elementos da comunicação visual. A sinergia que se observa numa infografia entre informação e imagem, dificilmente se obterá num texto jornalístico com dados numerosos e complexos. A capacidade de enriquecer uma informação e de lhe conceder uma outra perspectiva, sem fugir todavia ao rigor jornalístico, só uma composição infográfica conseguirá – “Escaping this flatland and enriching the density of data displays are the essential tasks of information design.” (Tufte, 1990: 33).


Bibliografia consultada :
Edward Tufte, Envisioning Information, Connecticut: Graphics Press LLC, 1990

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