“Raise your glass” da cantora Pink revestiu e deu forma à composição visual que, assumiu desde o início o caráter mais desinibido e agitado da música . A ideia de movimento foi, de facto, uma premissa que, conseguiu transparecer na composição rectangular através da assimetria e, por meio de uma direção diagonal dos objectos, visível no posicionamento da boombox e dos copos . Na verdade, estes aspetos como a disposição diagonal e a assimetria criaram dinamismo à imagem, algo que era preponderante, tendo em conta a vitalidade e a energia da inspiração musical .
A comunicação visual personifica, exatamente, a colocação destas (vitalidade e energia) e de tantas outras características numa imagem, o que lhe confere até alguma “personalidade” . É, por isso, o principal objetivo da comunicação visual, imprimir nas imagens visualizadas todos os dias pelos indivíduos, uma mensagem, um significado, um sentido, uma lógica : “…estas mensagens tornaram-se parte do tecido da vida moderna quotidiana – desde as embalagens de cereais para o pequeno-almoço aos logótipos das peças de roupa e identificações de empresas de televisão” (in Graphic Design for the 21st Century).
Se no início do trabalho, a colocação de elementos básicos e técnicas de comunicação visual na composição, aparentava ser pouco espontânea, após uma visualização atenta do resultado final, há a consciencialização de que a integração daqueles não podia ser mais apropriada . Os elementos e as técnicas assemelham-se a um conjunto de instrumentos, que permitirão em última instância, transmitir/comunicar um estado de espírito ou até um sentimento com quem observa (“Podem atrair a nossa atenção de maneira audaciosa e direta ou envolver-nos lentamente com ambiguidade visual ou significados com dois sentidos.”, in Graphic Design for the 21st Century).
A palavra “party”, recorrente em toda a música, deu o mote para a representação de um ambiente de festa que, procurou-se obter na recolha fotográfica . Parte desta foi posteriormente selecionada para a composição . A utilização da fotografia concedeu, na verdade, um caráter mais pessoal à composição : tratou-se da visão/interpretação de duas pessoas relativamente a uma música, não seria pois, correto incorporar imagens que não tivessem o cunho do grupo e não fossem da sua autoria .
Determinados objetos relacionados com o tipo de ambiente considerado, nomeadamente os copos, as plumas e a boombox, foram realçados através da utilização da escala, o que lhes concedeu algum destaque na composição . Neste caso, as fotografias de alguns copos aparentam ter uma dimensão relativamente superior às restantes, isto só acontece, porque todos os elementos se encontram inseridos dentro de um determinado contexto que, possibilita chegar a tal conclusão (“A medida é parte integrante da escala, mas sua importância não é crucial. Mais importante é a justaposição, o que se encontra ao lado do objeto visual, em que cenário ele se insere; esses são os fatores mais importantes.” in Sintaxe da linguagem visual).
Em jeito de conclusão, é de salientar a interpretação que a composição descreve, visto que não pretendeu afastar-se muito da dinâmica da música, apesar de constituir igualmente uma visão pessoal . O caos e a multiplicidade de elementos em ambos os contornos foram, de certa maneira, ao encontro do espírito de celebração de “Raise your glass”. Se o fulgor e a energia conseguiram transparecer, tratar-se-á de um trabalho bem-sucedido, apoiado em técnicas como a fotografia ou as escalas, onde a comunicação visual foi concretizada .
Bibliografia consultada:
Donis A DONDIS, A sintaxe da linguagem visual, São Paulo : Martins Fontes, 1991
Charlotte & Peter FIELL , Graphic Design for the 21st Century, 100 of the World's Best Graphic Designers, Alemanha : Taschen, 2003
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